O dono e a dona da oficina não se mostraram tão violentos como o homem do outro lado da rua, e o primeiro disse-me, até:
- Não nego que tenha entrado com boas intenções, minha senhora, mas parece-me que foi perigoso fazê-lo numa oficina do género da minha, vendo que não se encontrava ninguém. Para ser justo para com o meu vi- zinho, que foi tão prestável comigo, tenho 'de concordar que agiu dentro da razão, embora, valha a verdade, também não possa dizer que a senhora tenha tentado tirar qualquer coisa. Por isso não sei que fazer.
Voltei a insistir para que fôssemos à presença de um magistrado, acrescentando que de boa vontade me resignaria se se provasse que tinha intenção de roubar, mas que, em caso contrário, exigiria reparação pela ofensa.
Enquanto discutíamos e o povo se aglomerava à porta, passou Sir T. B., um vereador da cidade e também juiz de paz, e o prateiro foi à rua e rogou a sua senhoria que entrasse e decidisse o caso.
Diga-se em abono da verdade que o homem contou a história com muita justiça e moderação, ao passo que o indivíduo que me detivera contou a sua com tanto calor e facciosismo idiota que me beneficiou em vez de me prejudicar.