Foi ao meu quarto, comunicou-me o desejo do irmão e pouco depois chamou-o:
- Podes entrar, mano, se quiseres.
Entrou e perguntou da porta, em tom brincalhão:
- Onde está essa doente apaixonada? Como passa, Mrs. Betty? Devia ter-me levantado para o receber, mas estava tão fraca que durante um bom bocado não o consegui.
Ele percebeu-o e a irmã também, pois disse-me:
- Não tente levantar-se; meu irmão não exige cerimónias, sobretudo agora que está tão fraca.
- Não, não, Mrs. Betty, deixe-se estar sentada, por favor - confirmou o irmão, e sentou-se na minha frente, com um ar muito alegre.
Falou disto e daquilo, despreocupadamente, para entreter a irmã, e de vez em quando voltava à carga e dizia-me coisas deste género:
- Pobre Mrs. Betty, é uma triste coisa estar apaixonado! Como esse mal a emagreceu!
Por fim atrevi-me a dizer:
- Apraz-me vê-lo tão alegre, senhor, mas suponho que o médico podia ter encontrado melhor entretenimento do que o de se divertir à custa dos doentes. Se a minha doença fosse essa, não o chamaria, pois conheço bem o provérbio.
- Que provérbio? Oh, agora me lembro!
Quando se trata de amor,
É um asno o doutor!
- Acertei, Mrs. Betty? - Sorri, sem dizer nada, e ele continuou: - Penso que os resultados provaram que se trata de amor, visto o médico lhe ter sido de tão pouco serviço e a senhora convalescer tão devagar. Desconfio de que há qualquer coisa, Mrs. Betty, desconfio de que o seu mal é incurável e se trata de amor...
Sorri e respondi-lhe:
- Não, senhor, não é essa a minha enfermidade.
Continuámos a conversar assim e a certa altura pediu-me que lhes cantasse uma canção, ao que respondi, com um sorriso, que os meus tempos de canto tinham acabado.