O Escaravelho de Ouro - Cap. 1: O escaravelho de ouro Pág. 12 / 38

Mas, espera aí. Leva este escaravelho contigo.

- O esca' avelho, Massa Will? - gritou o negro recuando aflito. O esca'avelho deou'o? Pa'a que que' que eu leve o esca'avelho pa'a cima da á'vo' e? 'aios me pa'tam se o levo.

- Se um negro forte como tu, Júpiter, tem medo de pegar num escaravelhozinho morto, muito bem, podes levá-lo atado por este fio. Mas se não o levas contigo, seja lá como for, racho-te a cabeça com esta pá.

- Então que é isso, Massa? - disse JuP mais envergonhado que complacente. - Não p' ecisa de se zanga' com o seu neg' o velho. Só estava a b'inca' consigo. Eu te' medo de càocho? Que mimpo'ta o diabo do ca'ocho. - E agarrando com precaução na pontinha do fio, mantendo o escaravelho afastado de si tanto quanto as circunstâncias lho permitiam, Júpiter preparou-se para subir à árvore.

A tulipeira, ou Liriodendron tulipiftrum, a mais magnífica das espécies florestais americanas, tem, quando nova, um tronco extremamente macio e muitas vezes cresce a uma grande altura sem ramos laterais; mas à medida que vai envelhecendo a casca torna-se rugosa e desigual e surge no seu tronco uma grande quantidade de ramos. A dificuldade da ascensão era, neste caso, mais aparente que real. Abraçando o tronco enorme com braços e joelhos, agarrando-se a certas saliências e apoiando noutras os pés descalços, Júpiter, depois de uma ou duas escorregadelas, conseguiu instalar-se na primeira bifurcação do tronco e pareceu considerar a sua missão como virtualmente cumprida. Com efeito, o maior perigo estava passado, embora Júpiter estivesse sessenta ou setenta pés acima do chão.

- E ago' a pa' a onde vou, Massa Will? - perguntou.

- Segue pelo ramo maior. Ali daquele lado - disse Legrand. O negro obedeceu prontamente e ao que parecia sem grande dificuldade, subindo sempre até que deixámos de ver a sua figura maciça perdida no meio da folhagem.





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