Olhando para cima examinei o tecto da prisão. Ficava a uma altura de trinta ou quarenta pés e a sua construção era muito semelhante à das paredes. Num dos painéis, uma figura atraiu toda a minha atenção. Era a imagem do Tempo, como é vulgarmente representada, mas em vez da foice trazia na mão aquilo que à primeira vista me pareceu ser a figura pintada de um grande pêndulo como aqueles que se vêem nos relógios antigos. Há, contudo qualquer coisa na aparência dessa máquina que me fez examiná-la mais atentamente. Enquanto a examinava directamente (porque estava situada precisamente por cima de mim), pareceu-me vê-la em movimento.
No momento seguinte a impressão confirmou-se. A sua oscilação era breve e muito lenta, claro. Observei-a durante alguns minutos, com uma certa sensação de medo, mas sobretudo de espanto. Cansado, por fim, de observar o seu fastidioso movimento, desviei os olhos para os outros objectos da cela.
Um ruído ligeiro chamou-me a atenção, e olhando para o chão vi alguns ratos enormes que o atravessavam. Tinham saído do poço que ficava à minha direita, ao alcance dos olhos. Nesse momento, enquanto estava a olhar, vi-os saírem em grupos, apressados, com olhos vorazes, atraídos pelo cheiro da carne. Foi-me preciso muito esforço e atenção para os enxotar.
Passou talvez meia hora ou talvez uma hora (porque a minha noção do tempo era imperfeita) quando voltei a olhar para cima. O que então vi confundiu-me e intrigou-me. O percurso do pêndulo aumentara quase uma jarda. Como consequência natural, também a sua velocidade aumentara. Mas o que mais me perturbou foi a ideia de que descera perceptivelmente.