O Estranho Caso de Benjamin Button - Cap. 10: X Pág. 34 / 38

- Queres brincar aos soldados, meu filho? - perguntou, indiferente, um empregado.

Benjamin corou.

- Olhe, não se preocupe com o que eu quero! - replicou, irritado. - Chamo-me Button e moro na Mt. Vernon Place. Por isso sabe que posso pagar.

- Bem - admitiu o empregado, hesitante -, se não podes, suponho que o teu pai pode.

Tiraram-lhe as medidas e, uma semana depois, o seu uniforme estava pronto. Teve dificuldade em obter a adequada insígnia de general porque o empregado teimava em insistir que um bonito distintivo da I.W.C.A. ficaria igualmente bem e seria muito mais divertido para brincar.

Sem dizer nada a Roscoe, saiu de casa, uma noite, e viajou de comboio para Camp Mosby, na Carolina do Sul, onde iria comandar uma brigada de Infantaria. Num abafado dia de Abril aproximou-se da entrada do acampamento, pagou ao taxista que o trouxera da estação e voltou-se para a sentinela de serviço.

- Chame alguém para levar a minha bagagem! - ordenou, brusco.

A sentinela olhou-o com ar de censura.

- Aonde vais com a farpela de general, meu filho?

Benjamin, veterano da Guerra Hispano-Americana, virou-se rapidamente para ele com os olhos a cuspir fogo, mas, infelizmente, com um tremor agudo na voz.

- Ponha-se em sentido! - tentou dizer com voz de trovão. Fez uma pausa para recuperar o fôlego... e, de súbito, viu a sentinela bater os calcanhares e pôr a carabina em cena. Benjamin disfarçou um sorriso de contentamento, mas quando olhou em seu redor o sorriso desvaneceu-se. Não fora ele que inspirara a atitude de obediência, mas, sim, um imponente coronel de artilharia que se aproximava a cavalo.

- Coronel! - exclamou esganiçadamente.

O coronel aproximou-se, segurou as rédeas e olhou friamente para ele com um fulgor no olhar.





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