A Origem da Tragédia - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 75 / 164

Este mito, que definhava, foi agarrado pelo gênio renascido da música dionisíaca e em sua mão mais uma vez floresceu, com cores nunca dantes apresentadas, com perfumes excitantes de pressentimento ansioso de um mundo metafísico. Depois deste último brilhar ele se desmorona, suas folhas murcham e logo são perseguidas as flores desbotadas, destroçadas, e carregadas através dos ventos pelos Lucianos escarnecedores da antiguidade. Pela tragédia alcança o mito seu conteúdo mais profundo, sua forma mais expressiva; levanta-se, ainda uma vez, semelhante a um herói ferido, e todo o excesso de força, juntamente com a quietude sábia daquele que morre, arde em seu olhar com um último brilho potente.

Que querias tu, ó Eurípides malfeitor, quando procuraste compelir a servir-te mais uma vez aquele que estava expirando? Ele faleceu entre tuas mãos violentas; e então tu necessitaste de um mito imitado, mascarado, que, como o macaco de Héracles, sabia somente enfeitar-se com a ostentação doutrora. E da mesma forma que o mito morreu para ti, desapareceu para ti o gênio da música; e, mesmo saqueando com mãos ávidas todos os jardins da música, não chegaste senão a uma música imitada e mascarada. E, em virtude de teres deixado Dionísio, também te deixou Apolo. Faze com que todas as paixões se levantem de seu pouso, cativa-os para os manter a teu lado, aguça e apronta uma dialética sofística para os discursos de teus heróis. — Também os teus heróis possuem somente paixões imitadas e simuladas, exprimindo-se apenas em discursos imitados e fingidos.





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