Auto da Alma - Cap. 5: Parte III Pág. 9 / 31

não são em balde os deleites,

e fortunas;

não são debalde os prazeres

e comeres:

tudo são puros afeites

das criaturas:

Pera os homens se criaram.

Dai folga à vossa passagem

d’hoje a mais:

descansai, pois descansaram

os que passaram

por esta mesma romagem

que levais.

O que a vontade quiser,

quanto o corpo desejar,

tudo se faça.

Zombai de quem vos quiser

reprender,

querendo-vos marteirar

tão de graça.

Tornara-me, se a vós fora.

Is tão triste, atribulada,

que é tormenta.

Senhora, vós sois senhora

emperadora,

não deveis a ninguém nada.

Sede isenta.

Anjo:

Oh! andai; quem vos detém?

Como vindes pera a Glória

devagar!

Ó meu Deus! Ó sumo bem!

Já ninguém

não se preza da vitória

em se salvar!

Já cansais, alma preciosa?

Tão asinha desmaiais?

Sede esforçada!

Oh! Como viríeis trigosa

e desejosa,

se vísseis quanto ganhais

nesta jornada!

Caminhemos, caminhemos.





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