Odisseia - Cap. 7: Polifemo e Ninguém Pág. 53 / 129

mãos... O bicho passou a porta, e assim que se apanhou livre, deitou a correr. Respirei. Estávamos salvos!

Bastante longe da caverna larguei o meu improvisado veículo, e fui desatar os vimes que prendiam os meus companheiros aos outros animais. Estugámos o passo até ao sítio onde estava o nosso navio. Os amigos que tínhamos deixado, e que não contavam já tornar a ver-nos, soltaram gritos de regozijo, abraçaram-nos, festejaram-nos. Mas, quando souberam da triste sorte daqueles que Polifemo devorara, então choraram angustiosamente...

Ai de nós! Nem tempo havia para o consolo das lágrimas... Convinha partir depressa, fugir depressa de terra tão perigosa e nefasta. Dei ordem aos remadores. E dentro em breve, sem que não tivéssemos uma última vez amaldiçoado o ciclope, que lá no alto ainda se lamentava furioso, gritando: «NINGUÉM! NINGUÉM!», o nosso barco sulcava o mar que gemia sob o compasso lento dos remos...

Uma pedra enorme, arremessada por Polifemo veio ainda cair perto do barco.

Quase naufragámos!... Foi essa a derradeira despedida do monstro, que não deixámos de ouvir senão ao tocar na outra ilha, onde parte dos nossos companheiros nos aguardava. Partimos juntos - o vento era favorável - para regiões talvez igualmente perigosas, mas que sonhávamos então menos hostis...





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