Odisseia - Cap. 10: As Sereias Sila e Caribdes Pág. 76 / 129

E sempre com voz harmoniosa e clara, disse: «Quando o nosso barco vogava já no mar alto voltámos a avistar a ilha de Ea, - a Ilha de Circe - onde também habita a Aurora ligeira e dançam e cantam, ligeiros, seus coros de dançarinas. Entrámos no porto, varámos o navio e, tendo desembarcado, deitámo-nos na praia a espera do dia. De manhã, logo que no céu despontou a luz da alvorada, enviei parte dos meus companheiros ao palácio de Circe - para me trazerem o corpo de Elpenor, que morrera no dia da minha partida dali. Resolvemos queimá-lo. Preparámos uma grande fogueira que ardeu, em labaredas altas, sobre uma ponta de terra que avançava pelo mar dentro. Quando o corpo e as armas de Elpenor ficaram inteiramente consumidos, recolhemos as cinzas e piedosamente as guardámos em humilde túmulo, que levantámos e encimámos com uma coluna. Mal tínhamos cumprido este triste dever, chegou Circe. Acompanhavam-na as aias amáveis, que nos, traziam pão, carne e vinho generoso.

Saudou-nos a deusa com palavras afectuosas, exclamando:

- «Desgraçados, que mesmo vivos descestes ao império das sombras e, por isso, duas vezes vítimas da morte - enquanto os outros homens só uma vez fazem essa tremenda viagem,





Os capítulos deste livro