Odisseia - Cap. 13: Eumeu, o Feitor de Ulisses Pág. 98 / 129

Os piores ladrões, os mais cruéis piratas, é na hora da luta que saqueiam e destroem a ferro e fogo os países estranhos. À boa paz, não se atreveriam, receosos de castigo e de futuros remorsos. Talvez tivessem sabido já da morte de Ulisses, e se julguem, por isso, em terreno conquistado. O certo é que não saem do palácio, e que deitam a mão a tudo. Não se passa dia ou noite que não comam os melhores animais e não esvaziem taças do melhor vinho. A riqueza do meu amo, antes da sua partida para Tróia, era sólida e vasta. Está agora reduzida a pouco menos do que nada! Basta dizer-te, amigo, que os pastores são obrigados a levar a esses ladrões cada manhã a rês mais opípara!

Dos onze enormes rebanhos de cabras que pastavam na ilha, e que eram todos de Ulisses, pouco resta... Corta-me o coração tal desperdício, em proveito de pessoas que exploram a fraqueza de Penélope e a pouca idade do seu filho Telémaco!...

Ulisses enquanto bebia e comia, ouvia calado estas justas recriminações. Mas só o pensamento de sempre o ocupava e preocupava: - arranjar modo de se vingar dos pretendentes e de retomar o lugar e a fortuna que lhe pertenciam... Abriu apenas a boca para perguntar mais pormenores a respeito das circunstâncias que tinham permitido os abusos dos pretendentes.





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