O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 252 / 279

O senhor de Montriveau não estava aqui esta noite, compreende? Quem vos viu durante este baile, Clara, não vos esquecerá jamais. Se falhar, irei para o convento! Onde vai você?

- Para a Normandia, em Courcelles, amar, rezar, até ao dia em que Deus me levar desse mundo.

- Venha senhor de Rastignac - disse a viscondessa com uma voz emocionada, pensando que este jovem estava à espera. O estudante dobrou o joelho, pegou 'na mão da prima e beijou-a.

- Antoinette, adeus! - retomou a senhora de Beauséant. - Seja feliz.

Quanto a você, já o é, você é jovem, pode crer em alguma coisa - disse ao estudante. - Quando partir deste mundo, terei tido, como alguns moribundos e felizes, religiosas sinceras emoções à minha volta!

Rastignac partiu por volta das 5 horas da manhã, após ter visto a senhora de Beauséant na sua berlinda de viagem, após ter recebido o último adeus dela molhado de lágrimas que provavam que as pessoas mais elevadas não estão por fora da lei do coração e não vivem sem tristezas, como qualquer cortesão do povo gostaria de fazer crer. Eugène voltou a pé para a Casa Vauquer, por um tempo húmido e frio. A educação dele chegava ao fim.

- Não salvaremos o pobre pai Goriot - disse-lhe Bianchon quando Rastigrtac entrou na casa do vizinho.

- Meu amigo - disse-lhe Eugène, após ter olhado para o velhote adormecido -, vá, segue o destino modesto a que dedicas os teus desejos. Eu estou no inferno e tenho de lá ficar. Todo o mal que te digam do mundo, acredita! Não há nenhum Juvenal que possa pintar o horror coberto de ouro e pedras preciosas.

No dia seguinte, Rastignac foi acordado por volta das 14 horas por Bianchon, que, obrigado a sair, pediu-lhe para tomar conta do pai Goriot, cujo estado tinha piorado durante a manhã.





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