Tufão - Cap. 3: III Pág. 39 / 103

Tudo desapareceu - até, por um momento, a sua capacidade de pensar; mas a sua mão encontrara um dos balaústres da amurada. A sua aflição não era de modo algum aliviada por uma inclinação para não acreditar na realidade da sua experiência. Embora jovem, já vira algumas tempestades, e nunca duvidara da sua capacidade para imaginar o pior; mas isto excedia de tal modo os seus poderes de imaginação que parecia incompatível com a existência de qualquer navio que fosse. Ter-se-ia sentido da mesma maneira incrédulo a respeito de si próprio, não fosse tão assaltado pela necessidade de exercer um esforço combativo contra uma força que tentava arrancá-lo do seu apoio. Além disso, a convicção de não estar definitivamente destruído voltou-lhe através das sensações de estar semiafogado, parcialmente sufocado e brutalmente abalado.

Pareceu-lhe que se encontrava ali precariamente sozinho com o balaústre por muito, muito tempo. A chuva caía sobre ele, corria, tombava em torrentes. Respirava entrecortadamente; e a água que ele engolia às vezes era doce e às vezes era salgada. Durante quase todo o tempo manteve os olhos cerrados com força, como se suspeitasse que a sua visão poderia ser destruída pela imensa agitação dos elementos. Quando se arriscou a pestanejar por um instante, retirou algum apoio moral da reverberação verde do farol de estibordo brilhando froixamente por entre as cordas de chuva e os salpicos. Estava precisamente a olhar para ele quando a sua luz caiu sobre uma vaga que subia e que o apagou. Jukes viu a crista da vaga cobrir o farol, adicionando a modesta contribuição do seu rebentamento ao tremendo tumulto que bramia em torno dele, e quase ao mesmo tempo o balaústre foi arrancado dos seus braços que o estreitavam.





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