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Capítulo 3: III

Página 38
O vento forte arremessava-se sobre ele saindo de uma escuridão sem fim; ele sentia debaixo dos pés o nervosismo do seu navio, de que nem sequer conseguia discernir a sombra da sua forma. Desejava que não fosse assim; e muito calado esperava, sentindo-se atingido pela impotência de um cego.

Estar calado era para ele muito natural, fosse noite ou brilhasse o Sol. Jukes, ao seu lado, fez-se ouvir gritando animadamente no meio das rajadas de vento: «Devemos ter apanhado logo com o pior, sir». Um raio desmaiado tremeluziu em torno deles, como se relampejasse para dentro de uma caverna - para uma câmara negra e secreta do mar, pavimentada de cristas espumejantes.

A sua luz revelou por um palpitante, sinistro momento, uma massa esfarrapada de nuvens pairando baixo, os balanços súbitos dos compridos contornos do navio, as figuras negras de homens apanhados na ponte, as cabeças para a frente, como se petrificados no acto de marrar. A treva palpitou cobrindo tudo isto, e então é que aquilo chegou a sério.

Foi qualquer coisa de formidável e rápido, como o súbito esmagamento de um vidro cheio de raiva. Parecia explodir em toda a volta do navio com um choque avassalador e uma arremetida de grandes vagas, como se uma imensa barragem tivesse rebentado a barlavento. Num instante os homens perderam o contacto uns com os outros. É esta a força desintegradora de um vento forte: isola uma pessoa dos seus semelhantes. Um terramoto, um desmoronamento, uma avalancha, atingem um homem acidentalmente, por assim dizer - sem paixão. Uma ventania furiosa ataca-o como um inimigo pessoal, tenta empolgar-lhe os ombros, paralisa-lhe a mente, parece desenraizá-lo do seu próprio espírito.

Jukes foi arrastado para longe do seu comandante.

Imaginou-se atirado a rodopiar pelos ares para uma grande distância.

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Capa do livro Tufão
Páginas: 103
Página atual: 38

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 37
IV 49
V 72
VI 91