- Seja o que for que veio cá a baixo fazer, tem de se despachar.
- Está aí, sir? - gritou Jukes , e ficou à espera.
Nada. Subitamente o rugido do vento caiu-lhe directamente dentro do ouvido, mas pouco depois uma vozinha afastou calmamente os brados do furacão.
- É você, Jukes?.. Então?
Jukes estava pronto para falar; só o que parecia faltar era o tempo. Era bastante fácil explicar como tudo acontecera. Era perfeitamente capaz de imaginar os coolies fechados na fétida entrecoberta, enjoados e apavorados no meio das filas de caixas. Depois uma dessas caixas - ou talvez várias ao mesmo tempo - soltando-se num balanço, derrubando outras, os lados estilhaçando-se, as tampas escancarando-se, e todos esses entorpecidos chineses levantando-se como um só homem para salvar os seus haveres. Depois cada mergulho do navio havia de atirar aquela multidão descalça e uivante de cá para lá, de um lado para outro, num redemoinho de estilhas de madeira, roupas rasgadas, dólares a rolar. Uma vez começada a luta, eles não seriam por si sós capazes de fazê-la cessar. Nada podia fazê-los parar agora salvo o uso da força. Era um desastre. Ele tinha visto aquilo e era tudo o que podia dizer. Alguns deles deviam estar mortos, pensava ele. Os outros continuariam a lutar...
Jukes enviou para cima as suas palavras, tropeçando umas nas outras, enchendo com elas o estreito tubo. Elas subiam e era como se penetrassem no silêncio de uma compreensão iluminada que se encontrava lá em cima sozinha com uma tempestade. E Jukes só desejava ser dispensado de enfrentar essa odiosa perturbação que se viera introduzir na grande provação do navio.