- Olá! Agora temos tiragem de sobra - gritou o segundo-maquinista imediatamente, como se tivesse estado a todo o momento à espera de Jukes. O fogueiro do motor auxiliar, um rapazola bonito com uma pele de uma brancura ofuscante e um bigodinho bem aparado, trabalhava numa espécie de arrebatamento mudo. Eles estavam a manter o vapor a toda a pressão, e um estrondo profundo, como o de um carro de mudanças vazio trotando por cima de uma ponte, fazia um baixo sustenido a todos os outros ruídos da casa das caldeiras.
- Não pára de soprar - continuou a gritar o segundo. Com o som de cem panelas debaixo de uma torneira, o orifício de um ventilador cuspiu-lhe sobre o ombro um súbito jacto de água salgada: e o segundo-maquinista disparou um chorrilho de pragas sobre todas as coisas deste mundo, incluindo a sua própria alma, arrebatando-se e esbravejando, mas sem nunca interromper o seu trabalho. Com um choque forte de metal o ardente clarão esbranquiçado da fornalha abriu-se sobre a sua cabeça redonda, mostrando os seus lábios a espumar, a sua cara insolente, e com outra pancada fechou-se como a piscadela de um olho de ferro ao rubro-branco.
- Onde está o maldito navio? Você é capaz de me dizer? Seja cego se eu sei! Debaixo de água... ou o quê? Ela cai cá dentro às toneladas. Os malditos cata-ventos já foram para o inferno? Hem? Você não sabe nada... seu marinheiro catita, você... ?
Jukes, depois de um momento de desorientação, foi ajudado por um balanço a fugir dali; e tão depressa os seus olhos avistaram a comparativa vastidão, paz e asseio da casa das máquinas, o navio, assentando a popa pesadamente na água, atirou-o numa correria, de cabeça baixa, sobre o senhor Rout.
O braço do primeiro-maquinista, comprido como um tentáculo, e endireitando-se como se accionado por uma mola, foi ao encontro dele, e desviou a sua carreira fazendo-o rodopiar na direcção dos tubos acústicos.
