A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 3: A AVENTURA DA CAIXA DE CARTÃO Pág. 41 / 210

Quando, um momento passado, vi os seus olhos deixarem o retrato, suspeitei de que o seu espírito se concentrava na Guerra Civil; e quando vi a posição admirativa dos seus lábios, o brilho dos seus olhos e as suas mãos cerradas não tive dúvidas de que pensava realmente na valentia patenteada por ambos os lados nessa luta desesperada. Mais uma vez, porém, a sua expressão voltou a ser triste; você abanou a cabeça. Reflectia no horror, na tristeza, na perda inútil de vidas. Levou a mão à sua velha cicatriz e um sorriso brincou nos seus lábios o que me indicou que o aspecto ridículo deste método de resolver questões internacionais se impusera ao seu espírito. Neste ponto concordei consigo: era absurdo. E tive o prazer de verificar que as minhas deduções estavam correctas.

- Absolutamente! Mas, apesar de me ter explicado tudo, confesso que estou tão assombrado como antes.

- Asseguro-lhe, meu caro Watson, que foi um exercício muito superficial. Nem sequer teria perturbado os seus pensamentos se você não se tivesse mostrado incrédulo no outro dia. Tenho aqui entre mãos um pequeno problema que será mais difícil de resolver. Leu no jornal um curto parágrafo sobre o singular conteúdo de um embrulho enviado pelo correio a Miss Cushing, Cross Street, Croydon?

- Não, não vi nada.

- Ah, deve ter-lhe passado. Passe-me o jornal... Aqui está, por baixo da coluna financeira. Se quiser fazer o favor de ler alto...

Peguei no jornal que ele me devolvera e li o parágrafo indicado. O título era: «Um Embrulho Macabro».

Miss Susan Cushing, residente em Cross Street, Croydon, foi vítima do que deve considerar-se uma brincadeira particularmente revoltante, a não ser que o caso possua um significado mais sinistro.





Os capítulos deste livro