A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 2: A AVENTURA DE WISTERIA LODGE Pág. 6 / 210

O nosso visitante bebera de um trago o brande e tinha recuperado as cores. Depois de olhar desconfiado para o bloco de notas do inspector, começou a sua extraordinária narrativa.

- Sou solteiro - disse - e, devido ao meu temperamento sociável tenho muitos amigos, entre eles a família de um cervejeiro reformado chamado Melville, que reside em Albemarle Mansion, Kensington. Foi à sua mesa que conheci, há umas semanas, um jovem chamado Garcia. Era de ascendência espanhola e estava de algum modo ligado à embaixada. Falava um inglês correctíssimo; tinha maneiras distintas e eu nunca conhecera homem mais bem parecido.

» Bem, acabámos por travar amizade, o rapaz e eu. Ele pareceu gostar de mim desde o princípio e, dois dias após nos termos conhecido veio visitar-me a Lee. Uma coisa arrasta outra e acabou por me convidar a passar uns dias em sua casa, Wisteria Lodge, entre Esher e Oxshott. Ontem à noite, dirigi-me a Esher, correspondendo ao seu convite.

» Ele tinha-me descrito antes a residência. Vivia com um criado fiel, seu compatriota, que olhava por todas as suas necessidades. Falava inglês e governava-lhe a casa. Tinha também um cozinheiro magnífico, dissera-me, um mestiço que conhecera numa das suas viagens, capaz de servir magníficos jantares. Lembro-me de ele se ter referido à singularidade de uma casa assim no coração de Surrey e de eu ter concordado... embora a singularidade viesse a demonstrar-se muito superior ao que eu poderia imaginar.

» Dirigi-me ao local, uns quatro quilómetros a sul de Esher. A casa era de tamanho razoável, retirada da estrada, com um acesso encurvado por entre altos sempre-verdes; um edifício antigo, a cair aos bocados, num estado confrangedor de abandono.





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