- Assim espero, Watson, assim espero - disse Holmes muito sério. - Está a ser tecida uma profunda intriga em torno daquela jovem e é nosso dever garantir que ninguém a molesta na sua última viagem. Creio, Watson, que temos de arranjar tempo para irmos ambos lá no sábado de manhã para garantirmos que esta curiosa investigação não venha a ter um desfecho indesejável.
Confesso que até aí não levara muito a sério este caso, que me parecera mais grotesco e bizarro que perigoso. Não é uma situação inédita um homem esperar e seguir uma jovem e, se ele era tão pouco audaz que não ousava dirigir-se-lhe, fugindo mesmo quando ela se propunha abordá-lo, não podia ser um-assaltante que causasse grande intimidação. O rufia do Woodley era uma pessoa muito diferente, mas, excepto numa ocasião, não molestara a nossa cliente e agora visitava a casa de Carruthers sem lhe impor a sua presença. O homem da bicicleta era, sem dúvida, um dos convidados de fim-de-semana do Hall, dos quais o dono do bar falara, mas quem era e o que queria continuava sem se saber. Foi a severidade de Holmes e o facto de ele ter metido um revólver na algibeira antes de partirmos que me transmitiu a sensação de que talvez a tragédia espreitasse por detrás de toda aquela sequência de acontecimentos.
A noite chuvosa dera lugar a uma manhã radiosa e a charneca, com as suas manchas de urze em flor, parecia ainda mais bela aos meus olhos cansados dos castanhos e cinzentos pardos de Londres.