O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 4: A Aventura da Ciclista Solitária Pág. 105 / 363

Holmes e eu caminhámos pela estrada arenosa e larga, respirando o ar fresco da manhã e alegrando-nos com o canto das aves e com o bafo fresco da Primavera. De uma lomba na estrada perto de Crooksbury HiII, vimos o sombrio Hall surgir no meio dos velhos carvalhos que, velhos como eram, eram mais novos que o edifício que rodeavam. Holmes apontou para o longo troço de estrada que serpenteava como uma fita amarelada por entre o castanho da charneca e o verde que despontava no bosque. Ao longe, um ponto negro constituía um veículo que avançava na nossa direcção. Holmes soltou uma exclamação de impaciência.

- Dei uma margem de meia hora - disse. - Se aquela é a carruagem de Miss Smith, deve ir apanhar o comboio anterior. Receio bem, Watson, que ela passe por Charlington antes de a conseguirmos apanhar.

A partir do momento em que passámos a lomba da estrada, deixámos de ver a carruagem, mas avançámos a um passo tão rápido que a minha vida sedentária começou a manifestar o seu efeito em mim de tal forma que tive de ficar para trás. No entanto, Holmes estava em forma, pois tinha reservas intermináveis de energia nervosa. O seu passo ginasticado não abrandou até que subitamente, a uns cem metros de mim, estacou e vi-o erguer as mãos num gesto de sofrimento e desespero. Nesse mesmo instante, uma carruagem vazia com o cavalo a trote e as rédeas a arrastar pelo chão, surgiu na curva da estrada, dirigindo-se rapidamente para nós.

- Demasiado tarde, Watson, demasiado tarde! - exclamou Holmes quando eu cheguei, ofegante, junto dele. - Que idiota que eu fui em não prever o comboio anterior! É rapto, Watson… rapto! Assassínio! Sabe Deus o que será! Bloqueie a estrada! Pare o cavalo! Óptimo.





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