- Calculo que as investigações locais abrandaram enquanto era seguida a falsa pista?
- Pararam por completo.
- Portanto, perderam-se três dias. O caso foi deploravelmente tratado.
- Sinto e admito-o.
- E, no entanto, o problema deve poder ser resolvido. Terei todo o prazer em investigar o caso. Conseguiu estabelecer alguma relação entre o rapaz que desapareceu e o professor de Alemão?
- Nenhuma.
- O rapaz pertencia à classe do professor?
- Não, e, tanto quanto sei, nunca trocou qualquer palavra com ele.
- Isso é de facto muito estranho. O rapaz tinha bicicleta?
- Não.
- Faltava mais alguma bicicleta?
- Não.
- Tem a certeza?
- Absoluta.
- Bom, certamente não está a sugerir que o tal alemão fugiu de bicicleta a meio da noite com o rapaz nos braços?
- Claro que não.
- Então qual é a sua teoria?
- A bicicleta pode ser uma pista falsa. Pode ter sido escondida algures e que ambos tenham fugido a pé.
- Pode ser que assim seja, mas parece-me uma pista falsa absolutamente absurda, não acha? Havia outras bicicletas no barracão?
- Várias.
- O professor alemão não teria escondido duas bicicletas se quisesse dar a ideia de que tinham fugido nelas?
- Talvez.
- Claro que seria isso que ele faria. A teoria da pista falsa não serve. Mas o incidente constitui um admirável ponto de partida para a investigação. Afinal de contas, uma bicicleta não é uma coisa fácil de esconder ou de destruir.