- Bom - disse, finalmente, - É claro que é possível que um homem astuto tenha mudado os pneus da bicicleta para deixar marcas desconhecidas. Um criminoso capaz de tal raciocínio seria um homem com quem eu sentiria orgulho em trabalhar. Mas deixemos esta questão por decidir e vamos voltar ao nosso pântano, pois deixámos muito por explorar.
Continuámos a nossa sistemática busca na orla do terreno saturado de água e em breve a nossa perseverança foi gloriosamente recompensada. Atravessando a parte inferior do pântano, havia um carreiro lamacento. Holmes soltou uma exclamação de satisfação ao aproximar-se. Uma clara impressão, como uma série de fios telegráficos, corria pelo centro do carreiro. Eram marcas de pneus Palmer.
- Não há dúvida de que se trata de Herr Heidegger! - exclamou Holmes, exultante. - O meu raciocínio parece ter sitio correcto, Watson.
- Dou-lhe os parabéns.
- Mas ainda temos muito que fazer. Por favor, afaste-se do carreiro. Vamos seguir as marcas e receio bem que não nos leve muito longe.
No entanto, verificámos, ao avançar, que aquela parte da charneca tinha bastantes zonas húmidas e, embora perdêssemos frequentemente de vista as marcas, conseguimos sempre voltar a descobri-las mais adiante.
- Nota que o ciclista ia sem dúvida a forçar a marcha? - disse Holmes. - Não há dúvida. Repare nesta marca em que se vêem claramente ambos os pneus. A marca de um é tão profunda como a do outro. Isso só pode significar que o ciclista ia a assentar o seu peso no guiador, como se faz durante um sprint. Caramba! Caiu.