Depois, deixou-se cair sobre a mala de porão e olhou-nos alternadamente a todos com uma expressão derrotada.
- Bom, meu amigo - disse Stanley Hopkins -, quem é você e que quer daqui?
O homem fez um esforço para se recompor e enfrentou-nos com algum autodomínio.
- Imagino que sejam detectives, não? - disse. - Pensam que tenho a ver com a morte do capitão Peter Carey, mas asseguro-lhes que estou inocente.
- Já veremos isso - disse Hopkins. - Primeiro, como é que se chama?
- Chamo-me John Hopley Neligan.
Vi Holmes e Hopkins trocarem um breve olhar.
- Que é que está a fazer aqui?
- Posso falar confidencialmente?
- Não, de forma alguma.
- Então por que é que lhe hei-de dizer?
-Se não responder, isso poderá prejudicá-lo no julgamento.
O jovem estremeceu.
- Bom, vou dizer-lhes. Por que é que não o hei-de fazer? - disse. - No entanto, desagrada-me profundamente que um escândalo antigo ganhe nova vida. Já ouviram falar em Dawson e Neligan?
Percebi, pela expressão de Hopkins, que nunca ouvira falar neles, mas Holmes mostrou-se vivamente interessado.
- Refere-se aos banqueiros de West Country - perguntou. -Faliram num milhão e arruinaram metade das famílias rurais de Cornwall. Neligan desapareceu.
- Exactamente. Neligan era meu pai.
Finalmente tínhamos algo de positivo e, no entanto, parecia existir um grande fosso entre o banqueiro fugido e o capitão Peter Carey, pregado à parede com um dos seus próprios arpões. Escutámos com a maior atenção as-palavras do jovem.
- Foi o meu pai que esteve directamente ligado ao caso. Dawson já se reformara. Eu só tinha dez anos na altura, mas era já suficientemente crescido para sentir a vergonha e o horror de tudo o que se passou.