O visitante nocturno era um jovem, frágil e magro, com um bigode negro que intensificava a palidez cadavérica do seu rosto. Não teria mais de vinte anos. Nunca vi um ser humano que parecesse tão terrivelmente assustado, pois via claramente que estava a bater os dentes e que todo o seu corpo tremia. Estava vestido como um cavalheiro, com um casaco tipo Norfolk, calções abotoados abaixo do joelho e com um boné de fazenda na cabeça. Observámo-lo enquanto olhava em volta com uma expressão assustada. Depois, pousou a vela em cima da mesa e desapareceu do nosso ângulo de visão, dirigindo-se a um dos cantos. Regressou ao centro da sala com um grande livro, um dos diários de bordo que estavam alinhados na prateleira. Apoiando-se na mesa, folheou rapidamente o livro até encontrar o registo que procurava. Depois, com um gesto irado que o fez cerrar o punho, fechou o livro, voltou a arrumá-lo na prateleira e apagou a vela. No instante em que se virou para se ir embora, a mão de Hópkins agarrou-o pelo colarinho e ouvi a sua exclamação de terror ao aperceber-se de que fora apanhado. Voltámos a acender a vela e ali estava o nosso desgraçado prisioneiro, a tremer, encolhido sob a mão do detective que o segurava.