Senti a mão de Holmes agarrar a minha e apertá-la num gesto tranquilizador, como se me dissesse que a situação estava ao alcance dos seus poderes e que estava tranquilo. Eu não tinha a certeza de que ele tivesse visto aquilo que da posição em que eu me encontrava era demasiado óbvio e que era que a porta do cofre não estava perfeitamente fechada e que Milverton podia, a qualquer momento, notá-lo. No meu espírito já decidira que, se tivesse a certeza, pela rigidez do seu olhar, de que ele notara, saltaria imediatamente e lançaria o meu-sobretudo por cima da cabeça dele, imobilizando-o, e deixando o resto a Holmes. Mas Milverton não olhou para o cofre. Estava languidamente interessado nos papéis que tinha na mão e virava página após página ao seguir as alegações do advogado. Pelo menos, pensei, quando acabasse de ler o documento e de fumar o charuto iria para o quarto mas, antes de chegar ao fim de qualquer um deles, deu-se um extraordinário acontecimento que nos fez assumir uma outra linha de pensamento.
Observei que, por várias vezes, Milverton olhou para o relógio e uma vez levantara-se e voltara a sentar-se com um gesto de impaciência. No entanto, a ideia de que ele pudesse ter uma entrevista a uma hora tão estranha nunca me ocorreu até um leve som me chegar aos ouvidos vindo da varanda.