Foi só quando já estava junto dele que ouvi aquilo que alertara os seus sentidos mais vivos. Ouvia-se um barulho algures dentro de casa. À distância, uma porta bateu. Depois, um murmúrio confuso e abafado transformou-se gradualmente no ruído de passos pesados que se aproximavam rapidamente. Ouvimo-los no corredor junto ao escritório. Pararam à porta. A porta abriu-se. Houve um leve ruído quando o interruptor eléctrico foi accionado e a luz se acendeu. A porta voltou a fechar-se e o cheiro pungente de um charuto forte chegou-nos ao nariz. Depois, os passos andaram para trás e para diante a poucos metros de nós. Finalmente, uma cadeira rangeu e os passos cessaram. Depois, uma chave fechou a porta e ouvi uma rostilhada de papéis.
Até àquele momento não ousara espreitar, mas então afastei ligeiramente os cortinados e olhei. Pela pressão do ombro de Holmes contra o meu, percebi que ele compartilhava a minha observação. Mesmo à nossa frente, quase ao alcance da nossa mão, estavam as costas largas e ligeiramente curvas do Milverton. Era evidente que nos tínhamos enganado totalmente acerca da sua actividade, e que ele nunca estivera no quarto, mas sim a pé, nalguma sala de fumo ou de bilhar na ala mais afastada da casa, cujas janelas não tinhamos visto. A sua cabeça grande e de cabelos crespos, com uma calva mancha brilhante.