O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 7: As Aventuras de Charles Augustus Milverton Pág. 195 / 363

Milverton largou os papéis e sentou-se rigidamente na cadeira. O som repetiu-se e ouviu-se, depois, bater ao de leve na porta. Milverton levantou-se e abriu-a.

- Bom - disse rispidamente -, chegou quase meia hora atrasada.

Então era essa a explicação da porta apenas fechada no trinco e da vigília nocturna de Milverton. Ouvimos o rustilhar do vestido de uma mulher. Eu fechara a ligeira abertura nos cortinados quando o rosto de Milverton se voltou na nossa direcção, mas depois atrevi-me a voltar a abri-los. Ele voltara a sentar-se, ainda com o charuto projectado a um ângulo insolente do canto da boca, A frente dele, vivamente iluminada pela lâmpada eléctrica, estava uma mulher alta e magra, com um véu a esconder-lhe o rosto e uma capa puxada sobre o queixo. Estava ofegante e toda ela tremia de forte emoção.

- Bom - disse Milverton -, fez-me perder grande parte do meu sono, minha cara. Espero que tenha valido a pena. Não podia vir noutra altura... hem?

A mulher abanou a cabeça.

- Bom, se não podia, não podia. Se a condessa é uma patroa difícil, tem agora oportunidade de acertar contas com ela. Santo Deus, rapariga, por que é que está a tremer? Pronto. Recomponha-se. Vamos a negócios. - Tirou a carteira da gaveta da secretária. - Você diz que tem cinco cartas que comprometem a condessa D’Albert. Quer vendê-las. Eu quero comprá-las. Até aqui, tudo bem. Só resta fixarmos um preço. É claro que quero examinar as cartas. Se forem exemplares realmente interessantes... Santo Deus, é você?

A mulher, sem dizer palavra, levantara o véu e deixara cair a capa. Um rosto moreno, belo, com feições correctas, confrontou Milverton - um rosto com um nariz curvo, sobrancelhas fartas que sombreavam uns olhos escuros e duros e uma boca fina que mostrava um sorriso perigoso.





Os capítulos deste livro