O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 274 / 363

Deu-me uma planta da casa e disse-me que a seguir ao almoço o escritório nunca estava ocupado, pois o secretário trabalhava cá em cima. Assim, reuni toda a minha coragem e vim eu própria buscar os papéis. Consegui, mas a que preço!

»Tinha acabado de tirar os papéis e estava a fechar o armário à chave quando o jovem me agarrou. Já o tinha visto nessa manhã. Passara por mim na estrada e eu perguntei-lhe onde vivia o professor Coram, sem saber que era seu secretário.

- Exactamente! Exactamente! - exclamou Holmes. - O secretário regressou a casa e falou ao professor da mulher que encontrara. Depois, já moribundo, tentou dizer que tinha Sido ela... a tal mulher de que ele lhe falara.

- Têm de me deixar falar. - disse a mulher num tom imperioso e com o rosto contraído como se sentisse dores. - Quando. ele caiu no chão, fugi do escritório, meti pelo corredor errado e dei comigo no quarto do meu marido. Ele falou em denunciar-me. - Eu demonstrei-lhe que se o fizesse a sua vida estava nas minhas mãos. Se ele me entregasse à justiça, eu denunciá-lo-ia a Irmandade. Não que eu desejasse viver por minha causa, mas queria levar a cabo o meu objectivo. Ele sabia que eu faria o que disse... que o seu destino estava ligado ao meu. Por essa razão, e por nenhuma outra, protegeu-me. Meteu-me naquele esconderijo escuro... uma relíquia do passado, que só ele conhecia. Como tomava as refeições no quarto, podia dar-me parte da sua comida. Combinámos que, quando a polícia deixasse a casa, eu fugiria durante a noite e nunca mais voltaria a aparecer. Mas conseguiram, de alguma forma, descobrir os nossos planos. - Arrancou do decote do vestido um pequeno embrulho. - Estas são as minhas últimas palavras - disse.





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