- Detenham-na! - exclamou Holmes. Entretanto, já atravessara a sala e deixara cair um pequeno frasco da mão.
- Demasiado tarde! - disse ela, caindo sobre a cama. - Demasiado tarde! Tomei o veneno antes de sair do esconderijo. Tenho a cabeça a andar à roda! Estou a morrer! Responsabilizo-o, senhor, pela entrega do embrulho.
- Um caso extremamente simples e, no entanto, em certos aspectos, muito instrutivo - comentou Holmes ao regressarmos a Londres. - Começou por girar em torno do pince-nez. Mas, se não tivéssemos tido a sorte de o moribundo lhos arrancar, não tenho a certeza de que viéssemos a solucionar o caso. Para mim era absolutamente claro, dado os óculos terem lentes tão fortes, que a sua dona ficaria praticamente cega e impotente sem eles. Quando me quis fazer crer que ela tinha caminhado por um estreito carreiro de relva sem pôr um pé em falso, comentei, como talvez se recorde, que isso era um feito extraordinário. Classifiquei-o, no meu espírito, como um feito impossível, salvo no caso improvável de ela ter um segundo par de óculos. Assim, vi-me forçado a considerar seriamente a hipótese de ela estar dentro de casa. Ao ver a semelhança entre os dois corredores, tornou-se-me claro que ela podia facilmente ter-se enganado e, nesse caso, era evidente que entrara no quarto do professor. Mantive-me, portanto, extremamente atento a qualquer coisa que pudesse confirmar esta suposição e examinei o quarto minuciosamente, procurando um eventual esconderijo. A carpeta parecia ser de uma só peça e estar firmemente pregada ao chão, portanto, eliminei a possibilidade de um alçapão.