O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 273 / 363

Essas cartas tê-lo-iam salvo. O meu diário também, pois nele escrevia, todos os dias, quer os meus sentimentos para com ele, quer a minha opinião sobre os diferentes caminhos que tínhamos tomado. O meu marido descobriu as cartas e o diário. Escondeu-os e tentou por todos os meios fazer que o jovem fosse executado. Não conseguiu o seu intento, mas Alexis foi mandado para a Sibéria onde, neste momento, trabalha numa mina de sal. Pensa nisso, bandido, grande bandido!... Agora, agora, neste preciso momento, Alexis, um homem cujo nome não és digno de proferir, trabalha e vive como um escravo e, no entanto, eu tenho a tua vida nas minhas mãos e deixo-te em liberdade.

- Sempre foste uma grande mulher, Anna - disse o velho, sempre a fumar.

Ela erguera-se, mas caiu para trás com um pequeno grito de dor.

- Tenho de terminar - disse. - Quando acabei a minha pena, decidi obter o diário e as cartas que, se forem mandadas ao Governo russo, farão que o meu amigo seja libertado. Sabia que o meu marido tinha vindo para Inglaterra. Depois de o procurar durante meses, descobri onde estava. Sabia que ele ainda tinha o diário, pois quando ainda estava na Sibéria recebi uma vez uma carta dele em que me acusava e citava algumas passagens que eu aí escrevera. Contudo, estava convicta de que, devido a sua natureza vingativa, nunca me daria o diário de livre vontade. Tinha de ser eu a obtê-lo. Com este objectivo, contratei um agente de uma firma de detectives, que veio para casa do meu marido como secretário... foi o teu segundo secretário. Sergius, aquele que se foi embora de um dia para o outro. Descobriu que os papéis estavam no armário e fez um molde da chave. Não quis ir mais longe.





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