O rosto do jovem Overton assumiu a expressão perturbada de uma pessoa que está mais habituada a usar os músculos que o cérebro mas, pouco a pouco, com muitas repetições e pontos menos claros que omitirei na minha narrativa, apresentou-nos a sua estranha história.
- É assim, Sr. Holmes. Como já disse, sou treinador da equipa dc rugby da Universidade de Cambridge e Godfrey Staunton é o meu melhor jogador. Amanhã, jogamos contra Oxford. Ontem, viemos todos para Londres e instalámo-nos no hotel privado Bentley. Às dez da noite, fui verificar se todos os Jogadores já estavam deitados, pois sou apologista de treinos árduos e de bastantes horas de sono para manter a equipa em boa forma. Troquei algumas palavras com Godfrey antes de ele se ir deitar. Parecia-me pálido e perturbado. Perguntei-lhe o que tinha. Ele respondeu-me que estava bem... que apenas tinha uma ligeira dor de cabeça. Dei-lhe as boas-noites e deixei-o. Meia hora depois, o porteiro disse-me que um homem de aspecto grosseiro, de barba, fora entregar um bilhete para Godfrey. Ele ainda não se deitara e o bilhete foi levado ao seu quarto. Godfrey leu-o e deixou-se cair numa cadeira como se tivesse apanhado um murro. O porteiro ficou tão assustado que disse que me ia chamar, mas Godfrey impediu-o. Bebeu água e recuperou o autodomínio. Depois, desceu, trocou algumas palavras com o homem que levara o bilhete, que estava à espera na entrada, e saíram os dois juntos. O porteiro viu-os pela última vez a descer a rua, quase a correr, em direcção ao Strand. Esta manhã, o quarto de Godfrey estava vazio e a cama não fora utilizada, embora as suas coisas estivessem exactamente como eu as vira na noite anterior.