O meu amigo ouvira com um ar surpreendido e divertido este longo discurso, que foi proferido com extraordinário vigor e entusiasmo, tendo o orador frisado cada argumento com uma palmada no joelho. Quando o nosso visitante se calou, Holmes estendeu o braço, pegou no volume correspondente à letra «S» do seu livro de informações gerais e, pela primeira vez, procurou em vão nessa mina das mais variadas referências.
- Tenho aqui Arthur H. Staunton, o jovem e prometedor falsificador - disse -, e havia o Henry Staunton, que eu ajudei a levar à forca, mas Godfrey Staunton é um nome desconhecido para mim.
Foi a vez de o nosso visitante ficar surpreendido.
- Ora esta, Sr. Holmes, pensei que tivesse vastos conhecimentos, - disse ele. - Então, se nunca ouviu falar em Godfrey Staunton, suponho que também não sabe quem é Cyril Overton.
Holmes abanou a cabeça num gesto bem-humorado.
- Caramba! - exclamou o atleta. - Joguei pela Inglaterra contra o País de Gales e tenho sido treinador da Universidade durante todo este ano. Mas isso não é nada! Não pensei que houvesse uma única pessoa em Inglaterra que não soubesse quem é Godfrey Staunton, o avançado brilhante, que joga por Cambridge, Blackheath e tem cinco internacionalizações. Santo Deus! Sr. Holmes, onde é que o senhor tem vivido?
Holmes riu-se do ingénuo espanto do jovem gigante.
- O senhor vive num mundo muito diferente do meu, Sr. Overton... num mundo melhor e mais saudável. As minhas ramificações estendem-se a muitas camadas da sociedade, mas não, e é-me grato dizê-lo, ao mundo do desporto amador, que é a melhor e a mais digna coisa em Inglaterra. No entanto, a sua inesperada visita desta manhã mostra-me que, mesmo num mundo de ar puro e fair play, pode haver trabalho para mim.
