Uma mulher jovem e bela estava morta em cima da cama. O seu rosto calmo e pálido, com olhos azuis muito abertos, destacava-se no meio de uma fulva cabeleira loura. Aos pés da cama, meio sentado, meio ajoelhado, com o rosto enterrado nos lençóis, estava um jovem que estremecia com sentidos soluços. Estava tão absorto na sua amarga dor que só olhou para nós quando Holmes lhe pôs a mão no ombro.
- O senhor é Godfrey Staunton?
- Sim, sim, sou... mas chegaram demasiado tarde. Ela morreu.
O homem estava tão perturbado que não conseguimos fazê-lo compreender que não éramos os médicos que tinham sido chamados. Holmes tentava proferir algumas palavras de consolo e explicar o alarme que o seu desaparecimento causara junto dos seus amigos quando se ouviram passos na escada e vimos o rosto severo e interrogador do Dr. Armstrong à entrada da porta.
- Acabaram por conseguir o vosso objectivo, meus senhores disse -, e não há dúvida de que escolheram um momento particularmente delicado para a vossa intromissão. Não discutirei convosco na presença de um morto, mas garanto-lhes que, se eu fosse mais novo, o vosso monstruoso comportamento não ficaria impune.
- Desculpe, Dr. Armstrong, creio que está a laborar num erro - disse o meu amigo com dignidade. - Se quiser ir lá a baixo connosco talvez possamos lançar mutuamente alguma luz sobre este terrível caso.
Instantes depois, o médico de rosto severo e nós próprios estávamos na sala de estar do andar de baixo.
- Então, senhor? - perguntou ele.
- Em primeiro lugar, quero que saiba que não fui contratado por Lorde Mount-James e que a minha simpatia em todo este caso não está de forma alguma com esse senhor.