Fiz mal? Que é que os senhores teriam feito na minha situação?
» Ela gritara quando ele lhe bateu e isso fez que Theresa, que estava no seu quarto, acorresse à sala de jantar. Havia uma garrafa de vinho no aparador e eu abri-a e deitei um pouco nos lábios de Mary, pois estava quase morta do choque. Depois, eu próprio bebi um pouco. Theresa estava fria como o gelo, pois estava tão metida na conspiração quanto eu. Tínhamos de dar a ideia de que tinham sido ladrões a fazer aquilo. Theresa repetiu vezes sem conta a história à patroa, enquanto eu subi para cortar o cordão da campainha. Depois, amarrei-a à cadeira e esfiampei a extremidade da corda para fazer tudo parecer mais natural, senão ficariam a pensar como é que um ladrão teria ido lá acima cortar o cordão. Peguei, então, em algumas peças de prata, para dar a ideia de roubo, e ali as deixei, com ordens para dar o alarme daí a um quarto de hora. Deitei as pratas para o lago e dirigi-me para Sydenham, sentindo pela primeira vez na vida que tivera uma noite frutífera. E é esta a verdade e toda a verdade. Sr. Holmes, embora isso me possa custar a vida.
Holmes fumou, em silêncio durante algum tempo. Depois, atravessou a sala e apertou a mão ao nosso visitante.
- É isso que eu penso - disse. - Sei que todas as suas palavras são verdade pois pouco terá dito que eu não soubesse já. Só um acrobata ou marinheiro é que conseguiriam chegar ao cordão apoiando-se no suporte na parede, e só um marinheiro é que teria feito os nós com que ela estava amarrada à cadeira. Essa senhora só estivera em contacto com marinheiros uma vez, durante a sua viagem, e tinha de ser alguém da sua classe, pois tentava desesperadamente protegê-lo, mostrando assim que o amava.