O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 13: A Aventura da Segunda Mancha Pág. 345 / 363

- Ah! - Ela inspirou rapidamente, como se todas as suas dúvidas desaparecessem.

- Mais uma pergunta, Sr. Holmes. Por uma expressão que o meu marido usou ao primeiro choque desta desgraça, percebi que poderão surgir terríveis consequências públicas devido à perda da carta.

- Se ele o disse, não posso de forma alguma negar.

- De que natureza serão estas consequências?

- Não, minha senhora, não me pode voltar a fazer perguntas às quais não posso de todo responder.

- Então, não lhe roubarei mais tempo. Não o censuro por se recusar a falar mais claramente, Sr. Holmes, e tenho a certeza de que o senhor, por sua vez, também não pensará mal de mim por querer, mesmo contra sua vontade, compartilhar as ansiedades do meu marido. Peço-lhe encarecidamente, uma vez mais, que não lhe diga nada da minha visita.

Olhou para nós já da porta e eu tive uma última visão do seu rosto tão belo e atormentado, dos seus olhos assustados e da boca contraída. Depois, foi-se embora.

- Bom, Watson, o sexo fraco é a sua especialidade - disse Holmes com um sorriso, quando o rostilhar do vestido deu lugar ao ruído da porta da rua a fechar-se. - Qual é o jogo desta linda senhora? Que é que, de facto, ela queria?

- Sem dúvida que as suas próprias palavras foram bem claras e a sua ansiedade absolutamente natural.

- Hum! Pense no ar dela. Watson... nos seus modos, na excitação reprimida, na sua impaciência, na tenacidade com que fez as perguntas. Lembre-se de que ela provém de uma camada social que não mostra facilmente qualquer emoção.

- De facto, estava muito perturbada.

- Lembre-se também da curiosa insistência de que seria no interesse do marido ela saber tudo. Que é que quereria dizer com isso? E deve também ter notado Watson, como se sentou de forma a ficar de costas para a luz.





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