A Utopia - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 66 / 133

no trabalho. Os magistrados não pretendem fatigar os cidadãos, ocupando-os em tarefas desnecessárias. Para que fazê-lo? O objectivo das instituições sociais é unicamente que o tempo que se poupe, além das ocupações e mesteres necessários à comunidade, seja aproveitado por todos os cidadãos para se libertarem da escravidão do corpo, cultivando livremente o espírito. Nisto consiste, para os Utopianos, a felicidade da vida.

Da vida e das mútuas relações entre os cidadãos

Referirei agora como os cidadãos vivem entre si: as ocupações familiares e as relações entre o povo, além do modo de distribuição de todas as coisas.

Em primeiro lugar, a cidade compõe-se de famílias, e as famílias estão unidas, na maior parte dos casos, por laços de parentesco. As mulheres, quando casam, na idade legal para o casamento, vão viver para casa dos maridos. Mas os filhos varões e a sua descendência ficam com a sua família paterna e são governados pelo mais antigo membro da família, que é substituído pelo mais próximo em idade, no caso de os anos lhe afectarem a inteligência.

Para que o número prescrito de cidadãos não diminua nem aumente excessivamente, decretou-se que nenhuma família em cada cidade, em número de seis mil, além das famílias rurais pode ao mesmo tempo ter menos de catorze ou mais de dezasseis crianças, dos 10 aos 14 anos; as crianças de idade inferior não têm número limite. Esta limitação é facilmente observada e mantida, fazendo-se passar para uma família pouco numerosa os membros excedentes duma família muito grande. No caso de, numa cidade, a população exceder o número limite) os





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