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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 15

Isaura tornou-se imediatamente, não direi a mucama favorita, mas a fiel companheira, a amiga de Malvina que, afeita aos prazeres e passatempos da corte, muito folgou de encontrar tão boa e amável companhia na solidão que ia habitar.

- Por que razão não libertam esta menina? - dizia ela um dia à sua sogra. - Uma tão boa e interessante criatura não nasceu para ser escrava.

- Tem razão, minha filha, - respondeu bondosamente a velha; - mas que quer você?... não tenho ânimo de soltar este passarinho que o céu me deu para me consolar e tornar mais suportáveis as pesadas e compridas horas da velhice. E também libertá-la para quê? Ela aqui é livre, mais livre do que eu mesma, coitada de mim, que já não tenho gostos na vida nem forças para gozar da liberdade. Quer que eu solte a minha patativa? e se ela transviar-se por aí, e nunca mais acertar com a porta da gaiola?... Não, não, minha filha; enquanto eu for viva, quero tê-la sempre bem pertinho de mim, quero que seja minha, e minha só. Você há-de estar dizendo lá consigo - forte egoísmo de velha! - mas também eu já poucos dias terei de vida; o sacrifício não será grande. Por minha morte ficará livre, e eu terei o cuidado de deixar-lhe um bom legado.

De feito, a boa velha tentou por diversas vezes escrever seu testamento a fim de garantir o futuro de sua escravinha, de sua querida pupila; mas o comendador, auxiliado por seu filho com delongas e fúteis pretextos, conseguia ir sempre adiando a satisfação do louvável e santo desejo de sua esposa, até o dia em que, fulminada por um ataque de paralisia geral, ela sucumbiu em poucas horas sem ter tido um só momento de lucidez e reanimação para expressar sua última vontade.

Malvina jurou sobre o cadáver de sua sogra continuar para com a infeliz escrava a mesma proteção e solicitude que a defunta lhe havia prodigalizado. Isaura pranteou por muito tempo a morte daquela que havia sido para ela mãe desvelada e carinhosa; e continuou a ser escrava não já de uma boa e virtuosa senhora, mas de senhores caprichosos, devassos e cruéis.

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Capa do livro A Escrava Isaura
Páginas: 185
Página atual: 15

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 8
Capítulo 3 16
Capítulo 4 25
Capítulo 5 27
Capítulo 6 34
Capítulo 7 43
Capítulo 8 54
Capítulo 9 63
Capítulo 10 72
Capítulo 11 81
Capítulo 12 91
Capítulo 13 102
Capítulo 14 111
Capítulo 15 122
Capítulo 16 132
Capítulo 17 141
Capítulo 18 146
Capítulo 19 154
Capítulo 20 163
Capítulo 21 171
Capítulo 22 178