A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 136 / 359

Informou-me de que podia depositar o dinheiro no banco, em conta corrente, e que o simples facto de o depósito ser registado nos livros me permitiria levantá-lo em qualquer altura, mesmo que fosse para o Norte, por meio de cheques; não renderia juros, porém, pois seria considerado como depósito à ordem. Também podia comprar acções, mas nesse caso, se quisesse dispor delas, teria de vir propositadamente à cidade para as transferir, e encontraria até dificuldade em receber os dividendos semestrais, a não ser que tivesse na capital uma pessoa, ou um amigo de confiança, em cujo nome as pusesse e que o fizesse por mim, mas isso já eu lhe dissera que não tinha. Olhou-me em seguida fixamente, sorriu um pouco.

- Por que não arranja um administrador, minha senhora, que olhe por si e pelo dinheiro? - perguntou-me. - Livrá-la-ia de maçadas...

- Das maçadas e talvez também do dinheiro, senhor - repliquei. - Na minha opinião, os riscos de o perder seriam tão grandes dessa maneira como de outra qualquer. - Mas lembro-me de pensar, no meu íntimo: «Por que não fazes a pergunta francamente? Pensaria muito a sério antes de responder não.»

Conversou comigo durante muito tempo e, uma vez ou duas, pensei que estivesse bastante interessado, mas, para minha grande desilusão, acabei por perceber que era casado. Quando o confessou, porém, abanou a cabeça e observou, melancólico, que tinha e não tinha mulher. Comecei a pensar que se encontraria na situação do meu ex-amante, casado com uma mulher doente, doida ou coisa semelhante. Não adiantámos muito mais naquela ocasião, porque, segundo disse, tinha muito que fazer, mas acrescentou que, se quisesse ir a sua casa após o banco fechar, consideraria qual seria a melhor maneira de administrar com segurança os meus haveres.





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