- Trouxe-a consigo, minha querida? - perguntou-me no fim.
- Trouxe, sim - respondi-lhe, mostrando-lha. - Mas que hei-de fazer agora? Não será melhor ir devolvê-la?
- Devolvê-la exclamou. - Bem, se quer que a mandem para Newgate por a ter roubado...
- Oh, não podem ser tão maus que me mandem prender se lha for devolver! Não acha que não podem?
- Não conhece esse tipo de gente, minha filha! Não só a prenderão em Newgate, como a mandarão para a forca, sem consideração pela sua honestidade em devolvê-la. Podem, além disso, apresentar-lhe uma conta de todas as canecas que perderam, para você pagar!
- Que hei-de fazer então?
- Já que teve a esperteza de a roubar, deve ter a esperteza de a conservar; agora não pode voltar atrás. Além disso, minha filha, não precisa mais dela que eles? Quem me dera que fizesse um negócio desses uma vez por semana!
Esta conversa mostrou-me um novo aspecto da minha governanta e provou-me que, desde que se tornara penhorista, se rodeava de um tipo de pessoas que não tinham quaisquer semelhanças com a gente honesta que eu conhecera antes.
Não tardei a ter disso provas mais concretas, pois de vez em quando via punhos de espadas, colheres, garfos, canecas de cerveja e outras peças trazidas, não para serem empenhadas, mas sim vendidas. Ela comprava tudo quanto aparecia sem fazer perguntas e, pelo que dizia, realizava bons negócios.
Vim a saber, igualmente, que fundia sempre a prata que comprava, para não poder ser identificada.