A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 230 / 359

Senti-me, no entanto, muito inquieta durante esse período e, para estar mais segura, afastei-me por uns tempos da minha governanta. Como não sabia para onde ir, levei uma criada comigo, meti-me na diligência para Dunstable e instalei-me na estalagem onde tão bem vivera com o meu marido do Lancashire, inventando uma história para dizer à estalajadeira; esperava que, de um dia para o outro, o meu marido regressasse da Irlanda, para onde lhe escrevera a informá-lo de que o esperaria ali em casa dela. Se o vento ajudasse, desembarcaria com certeza nos próximos dias e, por isso, resolvera passar com eles esse tempo, pois, embora não soubesse se vi- ria na mala-posta, se na diligência de West Chester, não duvidava de que iria ali ter.

A estalajadeira ficou muito contente por me ver e o estalajadeiro não me teria recebido melhor se eu fosse uma princesa. Assim, se me parecesse conveniente, poderia ali ficar um ou dois meses, tratada com todas as delicadezas.

Mas, apesar de tão bem disfarçada que seria quase impossível identificar-me, vivia no temor constante de que o meu jovem ex-cúmplice conseguisse encontrar-me. Embora não pudesse incriminar-me do roubo que fora a sua perdição, pois persuadira-o a não o cometer e, pela minha parte, nada mais fizera que fugir, podia acusar-me de outros e salvar a vida à custa da minha.

Tudo isto me enchia de terríveis apreensões. Desprovida de amigos e de confidentes, e sem ter a quem recorrer além da minha velha governanta, não tive outro remédio senão colocar a minha vida nas suas mãos e comuniquei-lhe onde me encontrava. Recebi várias cartas suas, algumas quase me enlouqueceram de medo, mas finalmente deu-me a alegre notícia de que o rapaz fora enforcado, e isso constituiu a melhor nova que recebia havia muito tempo.





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