Encontrava-me na estalagem ia para cinco semanas, onde vivera muito confortavelmente, excepto no que dizia respeito à secreta ansiedade que me consumia. Ao receber esta carta, porém, mostrei-me alegre e disse à estalajadeira que recebera do meu esposo, na Irlanda, a boa notícia de que estava muito bem, mas que, infelizmente, os negócios não lhe permitiam regressar tão depressa como esperara. Por isso, era obrigada a partir sem ele.
A estalajadeira felicitou-me pela boa notícia de que ele se encontrava bem e acrescentou:
- Observei que a senhora não andava tão feliz como dantes, certamente ralada de cuidados pelo seu esposo, mas agora vê-se que está contente e que recebeu boas notícias.
E o estalajadeiro disse-me, por seu turno:
- Lamento que o senhor não tenha ainda podido vir, pois sentiria grande alegria em o ver, mas espero que, quando receber notícias certas da sua vinda, volte à nossa casa, minha senhora. Será sempre muito bem recebida.
Separámo-nos depois destes agradáveis cumprimentos, regressei alegremente a Londres e encontrei a minha governanta tão contente como eu. Afirmou-me que nunca mais me recomendaria nenhum associado, pois verificara que eu tinha sempre mais sorte quando operava sozinha - e de facto assim era; só, raramente corria qualquer perigo e, se o corria tirava-me de apuros com maior facilidade do que quando me tolhia os movimentos a lerdice dos outros, que possuíam talvez menos previsão e mais imprudência e atrevimento que eu. Apesar de ter tanta coragem como qualquer deles, procedia com maiores cautelas antes de me aventurar e conservava sempre mais presença de espírito na retirada.
Tenho muitas vezes reflectido na minha teimosia, pois, apesar de todos os meus companheiros terem sido surpreendidos e caído nas malhas da justiça, de que eu própria escapara algumas vezes por milagre, não conseguia pensar seriamente em abandonar o ofício, tanto mais que estava agora longe de ser pobre.