A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 240 / 359

Notei, no dia seguinte, que demonstrava muita curiosidade pela refe- rida personagem; a descrição que lhe fizera dele, a sua maneira de vestir, a sua pessoa, o seu rosto, tudo lhe lembrava um cavalheiro conhecido e cuja família era também do seu conhecimento. Pensou um bocado e, depois de me perguntar mais pormenores, declarou:

- Aposto cem libras em como o conheço!

- Lamento que o conheça, pois por motivo nenhum desejo que seja denunciado; já lhe fiz bastante mal e não quero contribuir para que lhe aconteçam outros infortúnios.

- Não, pode ter a certeza de que não pretendo causar-lhe mal nenhum - tranquilizou-me. - No entanto, não lhe custa nada satisfazer a minha curiosidade, pois se se trata, de facto, dele, garanto-lhe que o acabarei por descobrir.

Assustei-me com as suas palavras e disse-lhe, com aparente preocupação, que, do mesmo modo, ele podia descobrir-me e, então, eu estaria perdida.

- O quê, minha filha, imagina que a trairia? - replicou, veemente.

- Oh, não, por nada deste mundo! Tenho-lhe guardado segredos piores, pode portanto confiar-me este sem receio.

Nada mais lhe disse naquele momento e ela estudou outros planos, sem eu saber, resolvida a descobrir, se fosse possível, se o cavalheiro era o mesmo. Foi, para isso, visitar uma amiga sua relacionada com a família em questão e disse-lhe ter um assunto importante a tratar com o referido senhor (o qual, diga-se de passagem, era nada menos que baronete e de muito boa família) e não saber como abordá-lo sem ninguém a apresentar. A amiga prontificou-se a fazê-lo e, com esse objectivo, foi a casa do cavalheiro, a fim de saber se se encontrava na cidade.

No dia seguinte visitou a minha governanta e informou-a de que Sir... estava em casa, mas tivera um desastre, sentia-se muito doente e, por isso, era impossível falar-lhe.





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