A Vida Amorosa de Moll Flanders - Cap. 2: A vida amorosa de Moll Flanders Pág. 268 / 359

» Disse-lhe que sim, mas, mal virou costas, peguei nas rédeas e, sem me atrapalhar, levei o animal para casa da minha governanta.

Teria sido um bom negócio para os entendidos no assunto, mas nunca um pobre ladrão se viu mais atrapalhado do que eu para saber que fazer com uma presa. Ao ver-me chegar, a minha governanta ficou aparvalhada e nem ela nem eu soubemos que destino dar à criatura. Levá-lo para uma cavalariça seria contraproducente, pois certamente o desaparecimento viria anunciado na Gazeta, com a descrição do animal, e depois não ousaríamos ir buscá-lo.

Em resumo, não nos ocorreu melhor maneira de resolver a infeliz situação do que amarrar o bicho à porta de uma estalagem e mandar um mensageiro à taberna com um bilhete a informar que o cavalo perdido em tal ocasião se encontrava em tal estalagem, onde o dono poderia ir buscá-lo; a pobre mulher que ficara a guardá-lo passeara-o pela rua, mas depois não fora capaz de o fazer regressar e deixara-o, por isso, na estalagem. É certo que poderíamos ter esperado que o dono publicasse um anúncio a oferecer uma recompensa, mas a verdade é que não nos tentava correr o risco de a ir receber.

Assim, isto foi e não foi um roubo, pois não houve quem perdesse nem quem ganhasse. Eu, porém, estava farta de andar disfarçada de pedinte; não resultava e, de resto, era desagradável e ameaçador.

Enquanto andei vestida dessa maneira conheci um grupo de indivíduos da pior espécie e tomei conhecimento do seu modo de vida. Eram moedeiros falsos e fizeram-me propostas muito boas, com excelentes perspectivas de lucro, mas o trabalho que me ofereciam era o mais perigoso da operação, pois tratava-se da própria cunhagem e eu sabia que, se fosse apanhada, teria morte certa, e ainda por cima na fogueira.





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