O Estranho Caso de Benjamin Button - Cap. 9: IX Pág. 30 / 38

IX

Num certo dia de Setembro de 1910 poucos anos depois de a Roger Button & Co., Grossista de Ferragens, ter passado para as mãos do jovem Roscoe Button - um homem que aparentava vinte anos inscreveu-se como caloiro na Universidade de Harvard, em Cambridge. Não caiu na asneira de anunciar que não voltaria a ver os cinquenta anos e também não mencionou que o filho se formara na mesma instituição dez anos antes.

Foi admitido e atingiu quase de imediato uma situação proeminente na turma, em parte por parecer um pouco mais velho do que os outros caloiros, cuja idade média rondava os dezoito anos.

Mas o seu êxito deveu-se em grande medida ao facto de, no jogo de futebol com a Yale, ter jogado tão brilhantemente, com tanto ímpeto e uma fúria tão intensa e implacável que marcara sete touchdowns e catorze field goals por Harvard e fizera com que onze homens da Yale, ou seja, uma equipa inteira, fossem levados um por um do campo, todos eles inconscientes. Foi o homem mais célebre da universidade.

Pode parecer estranho, mas no seu terceiro ano - ou júnior - dificilmente conseguiu «chegar» à equipa. Os treinadores diziam que ele perdera peso e parecia, até, aos mais observadores, que não estava tão alto como antes. Já não marcava touchdowns - na realidade, foi mantido na equipa principalmente na esperança de que a sua enorme reputação causasse terror e desorganização à equipa de Yale.

No seu ano sénior não chegou, sequer, a fazer parte da equipa. Tornara-se tão débil e frágil que, um dia, alguns estudantes do segundo ano o tomaram por um caloiro, incidente que o humilhou tremendamente. Passou a ser conhecido como uma espécie de prodígio - um sénior que, seguramente, não tinha mais de dezasseis anos - e sentiu-se muitas vezes chocado com a mundanidade de alguns dos seus condiscípulos.





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