Noites Brancas - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 41 / 67

— Bem, bem! E depois? — «Senhor, »

«'Perdoe se...' Vendo melhor, não, nada de perdoes! O facto em si justifica tudo. Escreva simplesmente:

«'Escrevo-lhe. Perdoe a minha impaciência; porém, durante um longo ano, permaneci inebriada de esperança. Será culpa minha se agora não consigo suportar um único dia de dúvida? Agora, que regressou, poderá talvez ter mudado de intenções. Neste caso, esta minha carta servirá para lhe assegurar que não fico ressentida e não o acusarei. Não o acusarei por não ter já um lugar no seu coração: este era, sem dúvida, o meu destino!

«'O senhor é generoso. Não sorrirá nem se zangará com as minhas impacientes palavras. Lembre-se de que as escreveu uma pobre e solitária rapariga, que não tem quem a auxilie ou aconselhe e que não sabe dominar os impulsos do seu coração. Perdoe-me, no entanto, se na minha alma, mesmo por um instante, uma dúvida se tenha insinuado. O senhor é incapaz de, mesmo por pensamentos, ofender aquela que tanto vos amava e ama ainda.'

— Sim, sim: é isso mesmo o que eu pensava! — exclamou Nastenka com a alegria a brilhar-lhe nos olhos. — Oh, o senhor resolveu as minhas dúvidas, foi Deus quem o enviou! Agradeço-lhe. Como lhe estou grata!

— Mas de quê? Por Deus me ter enviado? — respondi, olhando com entusiasmo o seu lindo e resplandecente rosto.

— Sim, quanto mais não fosse por isso.





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