Tufão - Cap. 2: II Pág. 34 / 103

Ele estendeu a mão instintivamente e capturou uma.

A cara de Jukes apareceu numa fenda da porta: apenas a cara, muito vermelha, com os olhos arregalados. A chama do candeeiro saltou, um bocado de papel voou, uma lufada de ar envolveu o capitão MacWhirr. Começando a enfiar a bota, dirigiu um olhar expectante para as feições inchadas, excitadas, de Jukes.

- Chegou assim - gritou Jukes - há cinco minutos... de repente.

A cabeça desapareceu com o estrondo da porta a fechar-se e uma pesada chuva de gotas fustigou o batente como se um balde cheio de chumbo fundido tivesse sido arremessado contra a antepara. Ouvia-se agora um assobio dominando o profundo ruído que vibrava lá fora. A abafada casa de navegação parecia tão cheia de correntes de ar como um telheiro. O capitão MacWhirr capturou a outra bota na sua violenta passagem pelo chão. Não estava desorientado mas não conseguiu encontrar imediatamente a abertura do cano da bota para enfiar o pé .. Os sapatos que ele descalçara corriam de um extremo ao outro da cabina, rebolando brincalhonamente um por cima do outro corno dois cachorrinhos. Logo que conseguiu levantar-se arremessou-lhes um pontapé rancoroso, mas sem qualquer resultado.

Assumiu a postura de um saltador de barreiras para alcançar o impermeável; e depois andou aos bordos por todo aquele espaço limitado enquanto se enfiava nele aos sacões. Muito grave, escanchando muito as pernas e esticando o pescoço, começou a atar deliberadamente os cordões do capuz debaixo do pescoço, com dedos grossos que tremiam ligeiramente. Repetiu todos os movimentos de urna mulher a pôr a touca diante de um espelho, com uma atenção tensa, à escuta, corno se esperasse a todo o momento ouvir gritar o seu nome no meio do confuso clamor que subitamente assaltara o seu navio.





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