Tufão - Cap. 3: III Pág. 40 / 103

Depois de uma queda brutal de costas deu consigo subitamente a flutuar e levantado do' chão. A sua primeira e irresistível ideia foi a de que todo o mar da China tinha galgado a ponte. Depois, mais sensatamente, concluiu que tinha ido pela borda fora. E ao mesmo tempo que ia sendo levantado, levado e balançado em grandes volumes de água, não cessava de repetir mentalmente, com a máxima precipitação, as palavras: «Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!»

De súbito, numa revolta de angústia e desespero, tomou a louca decisão de se livrar daquela situação. E começou a agitar os braços e as pernas de um lado para' o outro. Mas mal começou os seus desajeitados movimentos descobriu que se encontrava de certo modo misturado com uma cara, um impermeável, um par de botas. Agarrou-se ferozmente a todas essas coisas, uma atrás da outra, perdeu-as, voltou a encontrá-las, e finalmente foi agarrado com firmeza por dois braços fortes que o envolveram. Retribuiu o abraço apertando-se contra um corpo sólido e compacto. Tinha encontrado o seu capitão.

Eles rebolaram e rebolaram, estreitando o abraço que os ligava. De súbito a água fugiu debaixo deles, deixando-os cair na ponte com um choque brutal; e, encalhados contra um dos lados da casa do leme, sem respiração e contusos, só lhes restou levantarem-se atordoados no meio do vento e agarrarem-se ao que puderam.

Jukes saiu disto bastante horrorizado, como se acabasse de escapar a qualquer ultraje incomparável dirigido aos seus sentimentos. Enfraquecia a sua fé em si próprio. Desatou a gritar incoerentemente para o homem que sentia perto dele naquela escuridão pavorosa, «E o senhor, capitão? E o senhor, capitão?», até as fontes parecerem prestes a estalar-lhe. E ouviu em resposta uma voz, como vinda de muito longe, como se lhe gritasse rabugentemente de uma grande distância: «Sim!» Outras vagas tornaram a varrer a ponte.





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