O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 7: As Aventuras de Charles Augustus Milverton Pág. 181 / 363

- Mas certamente esse tipo está sob a alçada da lei! - disse eu.

- Tecnicamente, sem dúvida, mas, na prática, não. Que é que ganharia uma mulher, por exemplo, em fazer que ele passasse alguns meses na cadeia se a sua própria ruína se seguiria de imediato? As suas vítimas não ousam ripostar. Se alguma vez ele fizesse chantagem sobre uma pessoa inocente, então sim, apanhá-lo-íamos, mas ele é tão mau como o próprio Satanás. Não, não, temos de encontrar outras formas de o combater.

- E por que é que ele cá vem?

- Porque uma ilustre cliente colocou o seu desgraçado caso nas minhas mãos. Trata-se do Lady Eva Blackwell, a mais bela debutante da última saison. Casar-se-á com o conde de Dovercourt daqui a quinze dias. Este demónio tem várias cartas imprudentes… imprudentes, Watson, nada mais… que foram escritas a um jovem da província sem recursos financeiros. Estas cartas bastariam para romper o noivado. Milverton enviará as cartas ao conde, a menos que uma elevada quantia de dinheiro lhe seja paga. Fui contratado para me encontrar com ele e para conseguir as melhores condições possíveis.

Nesse momento, ouviu-se barulho na rua. Ao olhar, vi uma luxuosa carruagem puxada a dois cavalos, com os lampiões a fazerem refulgir os sedosos quartos traseiros dos nobres cavalos castanhos. Um criado abriu a porta e um homem baixo e forte, com um sobretudo de astracã, desceu da carruagem. Um minuto depois, estava na sala.

Charles Augustus Milverton era um homem de cinquenta anos de idade, com uma grande cabeça de intelectual, um rosto liso e redondo, um permanente sorriso gelado e olhos cinzentos perspicazes que brilhavam vivamente por detrás dos seus óculos de aros de ouro.





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