O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 3: A Aventura dos Dançarinos Pág. 63 / 363

Ficou lívida, leu a carta e atirou-a para a lareira. Não fez qualquer alusão a esta carta e eu também não, pois uma promessa é uma promessa, mas a partir desse momento ela nunca mais teve um momento de tranquilidade. Passou a ter uma expressão de medo permanente... uma expressão como se estivesse à espera, na expectativa. Seria melhor para ela se confiasse em mim. Veria que sou o seu melhor amigo. Mas, até ela me falar no problema, não posso dizer-lhe nada. Note, ela é uma mulher honesta, Sr. Holmes e, seja qual for o problema do seu passado, não lhe caberão quaisquer culpas. Sou apenas um simples proprietário de Norfolk, mas não há homem nenhum em Inglaterra que preze mais a honra da família. Ela sabe-o bem, e sabia-o antes de se casar comigo. Nunca mancharia essa honra... disso estou certo.

»Bom, agora começa a parte estranha da minha história. Há cerca de uma semana... foi na terça-feira da semana passada... vi no parapeito de uma das janelas uma série de pequenas figuras absurdas de dançarinos, como os que estão nesse papel. Estavam desenhadas a giz. Pensei que tivesse sido o moço de estrebaria que as desenhara, mas o rapaz jurou-me que não sabia nada acerca disso. Fosse como fosse, tinham aparecido durante a noite. Mandei limpar o parapeito e só mais tarde é que mencionei o caso à minha mulher. Para minha surpresa, ela levou a questão muito a sério e implorou-me que se aparecessem mais desenhos lhos mostrasse. Durante uma semana nada se passou, mas ontem de manhã encontrei este papel em cima do relógio de sol, no jardim. Mostrei-o a Elsie e ela caiu desmaiada. Desde essa altura, parece sonâmbula, anda num estado de entorpecimento com uma expressão permanente de terror.





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