Capítulo 7: Capítulo 7
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Percebo que aos sete ou oito anos a criança combina em seu cérebro quase tantas ideias como o cão de caça no seu, e que por fim, passando os anos consegue adquirir grande número de conhecimentos Então que devo pensar dele? Que é de uma natureza completamente diferente. Não posso crer porque vocês vêem um imbecil ao lado de Newton, e sustentam que um e outro são da mesma natureza, com a única diferença do mais ao menos. Encontro entre uma criança e um cão muitos mais pontos de contato que encontro entre o homem de talento e o homem absolutamente imbecil. Que opinião tens, pois, dessa natureza? A que todos os povos tiveram antes que a ciência egípcia trouxesse a ideia de espiritualidade, de imortalidade da alma. Até suspeitarei, com aparências de verdade, que Arquimedes e um tolo são da mesma espécie, ainda que de gênero diferente; que a oliveira e o grano de mostarda estão formados pelos mesmos princípios, ainda que aquela seja um árvore grande e esta uma planta pequena. Crerei que Deus concedeu porções de inteligência às porções de matéria organizadas para pensar, que a matéria está dotada de sensações proporcionadas de acordo com a finura de seus sentidos e que estes proporcionam a medida de nossas ideias. Crerei que a ostra tem menos sensações e menos sentido, porque tendo a alma dentro da concha, os cinco sentidos são inúteis para ela. Há muitos animais que só estão dotados de dois sentidos; nós temos cinco, e por certo que são muito poucos. É de crer que em outros mundos existam outros animais que estejam dotados de vinte o de trinta sentidos e outras espécies muito mais perfeitas que tenham muitos mais.
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