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Capítulo 20: Capítulo 20

Página 209
cômoda, um lavatório com espelho todo cercado de rosas artificiais, um oratório grande, resplandecente de palmas douradas e prateadas, toalhas de renda por toda a parte, num luxo de igreja, casquilho e defumado. E ele, o pálido lavadeiro, sempre com o seu lenço cheiroso à volta do pescocinho, a sua calça branca de boca larga, o seu cabelo mole caldo por detrás das orelhas bambas, preocupava-se muito em arrumar tudo isso, eternamente, como se esperasse a cada instante a visita de um estranho. Os companheiros de estalagem elogiavam-lhe aquela ordem e aquele asseio; pena era que lhe dessem as formigas na cama! Em verdade, ninguém sabia por que, mas a cama de Albino estava sempre coberta de formigas. Ele a destruí-las, e o demônio do bichinho a multiplicar-se cada vez mais e mais todos os dias. Uma campanha desesperadora, que o trazia triste, aborrecido da vida. Defronte justamente ficava a casa do Bruno e da mulher, toda mobiliada de novo, com um grande candeeiro de querosene em frente à entrada, cujo revérbero parecia olhar desconfiado lá de dentro para quem passava cá no pátio. Agora, entretanto, o casal vivia em santa paz. Leocádia estava discreta; sabia-se que ela dava ainda muito que fazer ao corpo sem o concurso do marido, mas ninguém dizia quando, nem onde. O Alexandre jurava que, ao entrar ou sair fora de horas, nunca a pilhara no vicio; e a esposa, a Augusta Carne-Mole, ia mais longe na defesa, porque sempre tivera pena de Leocádia, pois entendia que aquele assanhamento por homem não era maldade dela; era praga de algum boca do diabo que a quis e a pobrezinha não deixou. — Estava-se vendo disso todos os dias!— tanto que ultimamente, depois que a criatura pediu a um padre um pouco de água benta e benzeu-se com esta em certos lugares, o fogo desaparecera logo, e ela ai vivia direita e séria que não dava que falar a ninguém! Augusta ficara com a família numa das casinhas do segundo andar, à direita; estava grávida outra vez; e à noite via-se o Alexandre, sempre muito circunspecto, a passear ao comprido da varanda, acalentando uma criancinha ao colo,

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pág. 209 (Capítulo 20)

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Capa do livro O Cortiço
Páginas: 239
Página atual: 209

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 16
Capítulo 3 27
Capítulo 4 39
Capítulo 5 47
Capítulo 6 53
Capítulo 7 61
Capítulo 8 76
Capítulo 9 89
Capítulo 11 126
Capítulo 12 138
Capítulo 13 147
Capítulo 14 156
Capítulo 15 165
Capítulo 16 175
Capítulo 17 186
Capítulo 18 190
Capítulo 19 196
Capítulo 20 208
Capítulo 21 216
Capítulo 22 227
Capítulo 23 234